Voar, voar, subir, subir...

Vou fazer uma confissão daquelas que detesto admitir: tenho pavor de avião. É, pode rir agora. Confessar que tem medo de avião é se sujeitar mesmo ao riso geral – "ficou doida?Avião ainda é o meio mais seguro de viajar".  Sempre viajei para todo lado, sem grandes problemas, e agora, sem razão aparente, me vejo apavorada, suando frio toda vez que tenho que pegar um avião. Li em algum lugar que isso é uma fobia de avião, e que pode surgir em qualquer momento, simplesmente a pessoa para de pegar aviões.

O mais incoerente é que eu não tenho lá muito medo de decolagem e aterrisagem. O meu problema é “lá em cima”. A viagem me parece interminável. Fico torcendo para que o serviço de bordo comece imediatamente, o andar das aeromoças pelo avião me deixa mais calma, com a certeza que elas tem mais experiência em voo do que eu e não iam ficar por ai com o avião caindo (ai,ai doida..)

Também descobri que não estou sozinha nesta, tem um monte de gente que sofre do mesmo problema. Tempos atrás vi uma entrevista da Fátima Bernardes falando sobre isso, e o tratamento que ela fez.

Desde a gravidez do Bernardo arrumei ótimas desculpas para mim mesma para não ser obrigada a pegar nenhum voo. No começo da gravidez cortei as viagens a serviço para não prejudicar a gravidez (hã??) Falei com tanta convicção que convenci minha chefe, meu marido e quem me ouvisse – eu não podia voar.

Quando o Bernardo nasceu piorou, o pânico cresceu. Uns 2 mil Km rodados RioXMoc depois resolvi que rolava um ou dois aviões por que eu estava com muuita saudade de casa e meu marido já não queria me liberar sozinha na estrada mais. Armada de toda a concentração que consegui e batendo papo com qualquer desconhecido (puxa, como meus companheiros de viagem devem ter se achado simpáticos, eu perguntava da família ao serviço, puxando qualquer assunto para não prestar atenção no voo. E rezava, para que Deus limpasse o céu e os pequenos aviões não tivessem turbulência nenhuma -neurótica total..) Hum, devo dizer que o Bernardo dormiu TODOS os voos, isso quer dizer que minha concentração valeu de alguma coisa.

Férias a vista e eu consegui sabotar todas as viagens que tivesse que pegar um avião. Marido não entendeu nada, eu sei... Vamos para o sul, de carro, meu sonho ! (Heim??) Beleza, a gente tinha muito tempo mesmo e foi bacana, mas cheguei a conclusão que a estrada é muito perigosa também ... ok, deve ser síndrome de pânico ao invés de fobia. 

Tá bom, basta. Não posso ser prisioneira dos meus medos, não tenho tempo para isso. Eu sei que tenho que fazer o tratamento, e vou fazer, mas antes disso tivemos que embarcar em um avião para Recife (éé, eu voei) para merecidas férias, com toda aquela cara de paisagem que faço quando o avião sobe e um remédinho básico para o coração não pular pela boca. Foi um bom voo, confesso.

Eu e Bernardo tomamos dramim, para viajar mais tranquilos - o B capotou a viagem toda (ida e volta) e eu fiquei meio sonolenta, mas acordada o suficiente para rezar o rosário todo (bom que a gente reza pelo mês todo assim..)

Meu medo não passou, e não sei explicar o que acontece – não adianta me dizer que o avião é o meio mais seguro que existe que não é por ai, é algo sem controle. Mas para isso existem remedinhos, para a gente ir e vir com mais tranquilidade, eu acho..

E logo estaremos embarcando em uma viagem maior (ai..), com mais tranquilizantes também...